Acordaram as borboletas...voa..voa...
Pela manhã aspiro a um bom dia luminoso, qualquer que seja a estação do ano. Mais um dia em que teço gestos com vontade de abraçar tudo o que é meu, tudo o que levo num sentir ilimitado. E os meus olhos clamam por mais, pelos dias certos de ternura, em que me entrego em demasia a sentimentos escarlates, nesse perfume cor de rubi que me acalma a pele. O sol entranha-se no corpo e delicia os meus últimos instantes no aconchego dos lençóis. Uma determinação de ficar assim, durante mais uns momentos de conforto é vencida pelo azul do céu que me convida a refrescar a alma. Levanto-me, com uma energia quase eléctrica, ouço os ritmos suaves da bossa-nova alternados com a sensualidade do tango. São melodias quentes que de mim soltam passos eufóricos de dança enquanto espero que a água da chaleira ferva. Não me sento para esse ritual quase diário que é o pequeno-almoço. Pelo contrário, continuo a balançar, entre o pão torrado e o aroma do café. De pés descalços, em pleno mês de Fevereiro, rodopio num mosaico gélido que não sinto, entrego-me à melodia. Todos os dias deveriam ser assim, de alegria contagiante, sem pressas, sem horários pré-definidos, sem autocarros que quase se perdem e apenas não se perdem porque corremos para lá chegar, sem banhos rápidos, sem meia chávena de chá que ficou na mesa da cozinha a arrefecer, sem aquela sensação quase sempre certa de que falta alguma coisa na mala, sem a frivolidade de cruzarmo-nos com as pessoas na rua sem tempo para esboçar um sorriso e dar um alegre bom dia. Aprendi a valorizar o sol que me acompanha enquanto caminho, que me deixa observar o mundo em meu redor, a gente que aqui co-habita, o trânsito que sigo à distância, os passos que seguem com pressa, os cheiros citadinos. Hoje, por isso, vou a pé para a universidade, porque desta forma os meus olhos se preenchem de sentido logo pela manhã. Haja sol todos os dias.
Quantas vezes
Já me perguntaram
Quantas vezes
Já me indagaram
Quem é você…
Como você é…
De onde vem
Pra onde vai…
Quantas perguntas
Quantos julgamentos
Quantos enganos
Quantos…
Tudo é tão simples
Sou assim…
Nasci e cresci
Num lar com muito amor
Com muito calor…
Sou amor, sou paixão…
Sou amiga, sou mulher…
Sou esposa, sou mãe.
Sou carinho, sou ternura…
Sou encanto, sou magia…
Sou o que sempre fui
Seja aqui seja lá
Seja onde for…
Você saberá onde me achar
Você saberá
Quando eu chegar.
Será emoção
Será ternura
Será magia
Será encanto.
Quem sabe…
Um dia você…
Descubra quem sou…
De onde vim
Pra onde vou…
Entre linhas
Entre versos
Entre um antes
Entre um depois…